Ela...

Ela necessita do drama para tornar o mundo mais interessante. Necessita da cena para se sentir menos invisível. Ela acorda e cobre-se com a máscara de todos os dias: pó e mais pó... incontáveis camadas.  Isto parece ridículo até para ela mesma, mas mantém o ritual por este funcionar. 

Afinal, todos estão interessados nisso, não é? Pessoas perfeitas são as mais adoradas. Mas isso só funciona até se cansarem. Sim, eles se cansam! Ninguém nunca a avisou que perfeição demais também estraga, entedia. 

E o que se fazer quando tudo o que era já não é mais? Ela resolve confeccionar outra máscara. Troca o pó... por outro pó. Incontáveis camadas. E, para sua surpresa, o plano é um sucesso novamente. E assim sua vida segue.

Pobre coitada! Mal sabe ela que um dia o pó acaba... o drama não surtirá mais efeito, todas suas cenas serão em vão. Neste dia, desafortunada, todos passarão sem percebê-la. 

Quem sabe assim ela perceba que não adianta se esconder por trás dos sonhos alheios.

(Munique R. Novaes)