30 de junho de 2013

Bem mais do que eu quis - Parte VI


Em frente ao espelho, Camila já estava ficando desesperada. Não conseguia achar nenhuma roupa bonita, seu cabelo não colaborava, os sapatos que trouxera na mala não eram nada indicados para uma festa... Enfim. Nada parecia dar certo e ela só tinha duas horas para tornar-se apresentável.
Quando Ronaldo contara, ao seu modo, para a mãe que Camila iria com ele, a paz se restabeleceu na casa. Foi como se ele houvesse aberto as portas para a alegria extrema. Tia Lúcia não parava de suspirar pelos cantos, satisfeita, dizendo que eles iam redescobrir a afinidade que tinham na infância. Camila sabia, tia Lúcia estava achando mesmo que, qualquer que fosse o problema de seu filho, a garota podia consertar. E isso assustava a garota.
Após construir uma pilha enorme de roupas em cima da cama, Camila decidiu vestir uma t-shirt clara, shorts jeans escuro com seu tênis predileto. Para completar, uma jaqueta de couro preta. Sua mãe sempre dissera que suas malas eram exageradas e seu pai ficava louco por ver que elas lotavam o porta-malas de seu carro. Dessa vez ela teve a certeza que sempre fizera o certo, do contrário, teria de sair como uma louca. Caprichou na maquiagem, soltou seus cachos naturais e finalmente conseguiu sentir-se bem. Ouviu uma batida na porta e se deu conta de que já estava 30 minutos atrasada.
- Desculpa, Ronaldo! Eu não me dei conta da hora!
- Relaxa, eu já me acostumei. Mulheres... Uau!
- O que foi?
- Nada... É que... – Calou-se por um momento. – Você está muito bonita!
- Obrigada... – Camila corou.
- Então... vamos?
Quando Ronaldo andou em direção à garagem, Camila viu que tia Lúcia estava mesmo muito animada. Ela nunca emprestaria seu carro para o filho ir a uma festa. Dentro do carro o silêncio dominou por um bom tempo.
- Camila...
- Oi?
- Tenho uma coisa pra te contar... – Mantinha o olhar fixo no caminho.
- Me conta.
- Não estamos indo exatamente para uma festa. – Deu uma rápida espiada no rosto da garota.
- Estamos indo para onde então? – Ele conseguiu assustá-la.
- Bem... É uma festa, mas não é de nenhum amigo meu. É um trabalho, digamos assim. – Camila manteve-se quieta. – Eu tenho uma banda e nós vamos tocar nessa festa. Eu ia dizer pra você, sabe, mas eu achei melhor dizer a caminho. Vai que você tenha um surto e conte tudo pra minha mãe... – Ronaldo começou a falar rápido e a garota não conseguiu entender metade.
- Tudo bem. – Ela interrompeu.
- Mesmo?
- Sim. – E retomaram o silêncio.
Depois de tanto silêncio, a garota sentiu um grande alívio ao ver que Ronaldo estava estacionando em frente a um lugar muito barulhento.
-Bom, chegamos. – Ele disse.
Desceram do carro e logo foram abordados por um grupo de jovens.
- Aí está você! Já estávamos pensando que não viria... Nossa! Essa é a sua prima? – Os garotos tagarelavam sem parar.
- Pessoal, essa é a Camila.
- Oi, Camila! Seja muito bem vinda! – Disse um dos garotos, com um sorriso que a fez ficar ainda mais sem graça.
- Obrigada.
- Alguém viu a Débora? – Perguntou Ronaldo olhando ao redor.
- É... então, cara. Eu tenho que te falar uma coisa. Em particular... – Disse outro garoto um pouco desconcertado.
- Mas estamos atrasados, Rafael. Temos que entrar logo.
- Vai ser rápido, eu prometo. A Camila vai ficar bem com os meninos. – Insistiu, Rafael.
- Eu cuido bem dela, cara. Fica tranquilo. – Disse o outro garoto, com malícia.
- Ok. Mas olha lá, hein. Sem gracinhas com ela. – Ronaldo se rendeu.
Ele e Rafael foram caminhando para uma parte mais calma antes da entrada e Camila ficou pensando como se comportaria na presença de quatro garotos desconhecidos.
- Vamos entrar pessoal? – Propôs um deles. – Seu primo nem nos apresentou direito, Camila. Jugando pelo comportamento do Marcos você deve estar com medo de nós. – Brincou ele.
- Não, não. Imagina – Camila sorriu encabulada.
- Como eu disse, esse demente é o Marcos, esses são Lucas e Alexandre e eu sou o Mateus.
Camila se sentiu mais segura com a atitude de Mateus. E depois de um tempo, já dentro da festa, passou a sentir-se confortável com os amigos de seu primo. Enquanto conversavam e riam, Camila percebeu que os garotos constantemente olhavam para o outro lado do salão. Isso a deixava muito curiosa.
- Acho que temos que ir ajeitando o palco. Daqui a pouco entramos. Até mais, Camila. – Disse Alexandre.
Os garotos se despediram, menos Mateus.
- Você não vai se preparar também? – Indagou Camila.
- Eu não toco na banda. Eu sou o empresário deles. – Respondeu rindo.
A conversa fluía muito bem com Mateus, mas a garota não conseguia parar de imaginar o que Rafael havia de tão importante para falar com seu primo. Ela não pôde segurar a curiosidade.
- Aconteceu alguma coisa ruim? Eles estão demorando.
- Ãaa... não, imagina... Eles já devem estar se preparando também.
- Tem certeza, Mateus? Você não me convenceu. Eu percebi que vocês estavam todos tensos.
O garoto pareceu entrar em conflito em seus pensamentos.
- Eu não ia te contar, Camila. Mas você vai ficar sabendo mesmo. Está vendo aquela garota ali do outro lado? – Mateus apontou para uma garota muito bonita.
- Estou.
- Ela é a Débora.

Agora ela se lembrava. Aquela garota bonita era a dona da voz que atormentou o sono de Camila. A que chamara Ronaldo de amor.

21 de abril de 2013

Bem mais do que eu quis - Parte V


De alguma forma a voz daquela garota não saia da sua mente. Camila não conseguia entender como, depois de um dia daquele, aquilo poderia incomodá-la tanto. Custou muito até que o sono a agarrasse. 

Estava num lugar muito claro, onde o ar era puro e havia muito verde. Era um lugar realmente lindo. O canto dos pássaros era maravilhoso. Sentia-se tão bem! De repente a melodia que ouvia era “Lullaby” de Brahms, a música que sua mãe colocava para tocar quando contava um conto de fadas para ela dormir. E o som foi se misturando a uma voz tão doce quanto ele mesmo e ela pôde ouvir: 

- Estava esperando por você. Vem... Deixe eu lhe mostrar o lugar. 

Mal podia acreditar. Era a voz de Josh! Virou-se rapidamente e viu uma figura ao longe. Correu para encontrá-la enquanto ele a chamava docemente. 

- Vem, meu amor! 

Ela corria cada vez mais rápido, mas parecia que nunca iria chegar. Enfim a distância foi diminuindo e Camila percebeu que quem a chamava não era Josh e sim Ronaldo. Ela parou abruptamente e o rapaz chamou mais uma vez. 

- Venha, querida. Mais rápido! 

Sua voz demonstrava uma felicidade imensa. Felicidade essa que inundou o coração de Camila e a fez voltar a correr. Mas o vento que sentia contra o seu rosto mudou de direção e ela percebeu que estava sendo ultrapassada por alguém. Por uma garota. Camila parou novamente e assistiu a garota correr em direção aos braços abertos de Ronaldo. O sorriso dele crescia cada vez mais. A garota se jogou em seus braços e ele a abraçou como uma criança abraça sua pelúcia favorita. 

- Amor! – A garota disse com aquele mesmo tom meloso que Camila ouvira no quarto de Ronaldo. 

Camila acordou assustada, sua cabeça doía tanto que parecia prestes a explodir. Não conseguia acreditar no sonho que acabara de ter. 

“Fala sério! Era só o que me faltava esse estúpido invadir meus sonhos!” 

Levantou-se, tomou um remédio para a dor e resolveu ir até a cozinha tomar uma caneca de leite quente. Sua mãe costumava dizer que um remédio nunca funcionava se não fosse acompanhado por leite quente com mel. Fechou a porta do quarto e foi andando com muito cuidado para não acordar ninguém. Chegando na cozinha, procurou pelo interruptor e acendeu a lâmpada. Pegou uma caneca, foi até a geladeira e serviu-se de leite. Ainda estava pensando no sonho que havia acabado de ter. Aquilo a incomodava mais que um pesadelo cheio de monstros. Absorta em seus pensamentos, ouviu uma voz que a trouxe de volta à Terra. 

- Pesadelo? 

Camila virou-se e viu Ronaldo sentado, apoiando sua caneca no balcão. Parecia assustadoramente bonito. Por um momento, a garota perdeu a voz. 

- É... 

- Quer conversar sobre isso? – Ele estava estranhamente gentil. 

- Absolutamente não. – Um longo silêncio se seguiu. – Tem mel? 

- Aqui. – Apontou o recipiente no balcão. – Dor de cabeça? 

- Sim. 

- Receitas de família... – Ele sorriu. 

Camila sentou-se ao lado do rapaz. Sentia suas mãos trêmulas. Retribuiu o sorriso. 

- Camila... Eu fiquei pensando sobre o que você disse sobre a minha mãe e... Se ela vai ficar mais tranquila assim... Você pode vir comigo. 

- Eu posso? – Camila não conseguiu esconder sua surpresa. 

- Desculpa. Me expressei mal. – Ele começou a se enrolar com as palavras. – Não que seja um sacrifício te levar... É que... 

- Tudo bem. Eu entendi. 

- Se você quiser mesmo ir também, é claro. Por que se você não quiser, tudo bem pra mim. Não tem problema. – Seu rosto começou a corar. O que fez a garota sorrir. 

- Não... Sério! Eu entendi mesmo. 

- Então... Você vai? – Sua expressão fazia parecer que ele estava atravessando um campo minado. 

- Vou sim! 

Seu rosto passou de preocupado para aliviado e um sorriso envergonhado apareceu. – Acho que vai ser legal. 

A garota mal podia acreditar na cena que estava presenciando. Conseguia parecer menos real do que seu sonho. Ela percebeu um sentimento entre eles. Simpatia. Pela primeira vez.

11 de abril de 2013

Se quiser ir, vai...


Vai, mas não volta. Cansei de tentar te prender. Não é justo, afinal, ter que ficar trancafiado sem poder se libertar. Não é justo com você e muito menos comigo. Por que eu cansei de ser forte e tentar controlar tudo. É bom mesmo que você vá. Assim eu me livro logo do sofrimento que tu me causas. Foge, choro. Vá e se esconda... Por que eu também não lhe quero mais.

Você pode não entender se às vezes fico pelos cantos
Um tanto quieta, recolhida, mergulhada no meu pranto
É que ele me liberta na hora
No momento em que eu boto pra fora
O que já não me serve vai embora
E assim, eu fico leve
("Água Contida" - Pitty)

Munique.

6 de abril de 2013

O meu bem



Quando você se foi eu pensei que nunca mais seria feliz novamente. E, sabe, meu bem, eu ainda não sou. Mas não se preocupe com isso. Como você mesmo disse “vai passar”. Você lembra que lhe disse que um dia eu perceberia que foi mesmo o melhor? Então, meu bem, eu percebi, mas, ao contrário do que eu pensava, isso ainda não me faz sentir tão melhor assim. Por que você levou um pedaço de mim, meu bem. E não foi um pedaço pequeno. Talvez tenha até sido, mas era um pedaço muito importante. E você não tem ideia do quão difícil está sendo refazê-lo. Você acredita que eu cheguei a acreditar que tínhamos sido feitos um para o outro? Bobagem, não é? Fomos feitos para não dar certo mesmo, meu bem. Apesar de tudo ter dado certo por um tempo. E pode ter certeza, meu bem, você me fez feliz como nunca fui antes.
Mas está tudo bem agora, meu bem. Pelo menos é o que eu tento repetir na esperança de que eu convença a mim mesma. E se não estiver, ainda ficará. 
Apesar de o destino ter achado melhor nos dar caminhos diferentes, você sempre será o meu primeiro amor. E sempre me lembrarei de ti com muito carinho, meu bem. Desejo-te toda a felicidade... mesmo sem mim. Por que eu vou atrás da minha, querido. E vou encontrar o meu bem... nem que seja em outra pessoa.

Munique.

3 de abril de 2013

Selo!

Hey, pessoas! Então... acho que já está ficando chato as minhas desculpas por ter sumido por um tempo. Vocês já sabem os meus motivos, então eu vou começar a pular essa parte. ^^


A linda Grazi (Um Toque pra Você), me presenteou com um selinho! Muitíssimo obrigada, flor! Eu adoro essas coisas. O selo consiste em responder cinco perguntas bem legais sobre o blog e sua dona. Então vamos lá?

1) O que a levou a criar um blog?
Foi a vontade de me expressar sem ser julgada e sem dar a importância para o que os outros pensassem. Sempre foi um diário mesmo, só que com a diferença de qualquer um poder ler. Antes era bem anônimo, até que eu tomei coragem pra mostrar minha identidade.

2) O que você mais gosta, dos comentários ou seguidores?
Os comentários! É lindo e eu AMO quando eu ganho um seguidor novo, mas nada se compara à sensação de ver que as pessoas estão lendo e dando opiniões sobre aquilo que eu escrevi. 

3) Você se inspira em alguém ou algum blog?
No começo não. Era uma coisa minha bem crua mesmo. Já hoje eu conheci blogs maravilhosos que me inspiram de várias formas diferentes. Os que mais me inspiram são o A Series Of Serendipity, da fofa da Melina Souza e o Hipérboles, da super talentosa Amanda Souza.

4) Qual foi a melhor situação, desde que resolveu ser blogueira?
Acho que foi lá no começo, quando o número de seguidores e dos comentários começaram a aumentar. E ainda acontece hoje, né. E também sempre quando uma pessoa vem e comenta de uma forma que mostra que ela leu o post todo. É muito lindo de se ver! *-*

5) Se você tivesse o poder de impor alguma lei no mundo, qual seria?
São tantas leis, tantos sonhos pra esse mundo. Mas se fosse pra escolher um só seria "seja educado com todos". Seria dever desejar um bom dia para os motoristas de ônibus, atendentes de loja etc. E com sinceridade! Acho que os dias caóticos seriam substituídos por dias mais alegres.


E eu vou oferecer o selo para os blogs dos quais, se eu pudesse, daria um beijo em suas blogueiras.
- Hipérboles
- Fotografando (sonhos)
- Nova Borralheira
- Sweet Dreams



Então é isso, galerinha! Prometo tentar voltar logo com mais posts (tô meio inspirada ultimamente), incluindo a continuação do "Bem Mais do que Eu Quis". Se ainda não leu, dá uma clicadinha alí no nome! Mais uma vez obrigada pelo selo, Grazi! Você me fez sorrir! *-*

Beijos a todos! Munique.